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Ciência na soja: Mariangela Hungria defende bioinsumos e pesquisa brasileira



O protagonismo da ciência na produção sustentável de soja

A convidada do episódio desta quarta-feira (06) do Planeta Campo Talks, que vai ao ar às 18h15 no Canal Rural e no YouTube, é Mariangela Hungria, engenheira agrônoma da Embrapa Soja e a primeira mulher a conquistar o chamado Nobel da Agricultura. Em uma conversa inspiradora com a apresentadora Marusa Trevisan, a pesquisadora compartilhou sua trajetória, defendeu o papel da ciência no combate à fome e destacou a importância dos bioinsumos para manter o Brasil entre os líderes globais na produção de soja.

Com mais de 40 anos de atuação na pesquisa agropecuária, Mariangela é referência mundial em fixação biológica de nitrogênio, processo que permite à soja brasileira crescer sem a necessidade de fertilizantes nitrogenados importados. “Sem os microrganismos, não teríamos competitividade. Produzir soja seria inviável economicamente”, afirmou.


Do sonho de infância à liderança científica

Mariangela revelou que a paixão pela ciência começou aos oito anos, quando sua avó, professora de ciências, lhe apresentou a biografia de Madame Curie. Desde então, ela decidiu ser cientista e trabalhar para combater a fome no mundo por meio da produção de alimentos.

Apesar do ceticismo dos colegas e da ênfase na adubação química nos anos 1970, seguiu firme no caminho dos biológicos, tornando-se pioneira em uma área que hoje movimenta bilhões no Brasil. Sua atuação foi essencial para transformar os bioinsumos em tecnologias escaláveis, capazes de atender tanto a agricultura familiar quanto a alta produtividade do agronegócio brasileiro.


Investimento em pesquisa e o desafio da comunicação

Durante a entrevista, Mariangela alertou sobre a falta de recursos para a pesquisa agropecuária. “Hoje temos menos pesquisadores para atender uma agricultura muito maior. Estamos fazendo milagres com poucos recursos”, disse. Ela destacou que, apesar dos avanços tecnológicos, como a edição gênica e a inteligência artificial, o país precisa investir para não depender de tecnologias externas.

Outro desafio apontado pela cientista é a comunicação com a sociedade. Para ela, é fundamental explicar, de forma clara e acessível, a importância da ciência e do investimento público em pesquisa, além de combater a desinformação.


Pastagens degradadas e bioinsumos como solução sustentável

Ao comentar o foco atual de suas pesquisas, Mariangela revelou que sua prioridade tem sido recuperar pastagens degradadas com o uso de insumos biológicos. O Brasil tem mais de 60% das pastagens em algum estágio de degradação, o que compromete a produtividade e a vida no solo.

Com base em mais de uma década de estudos, a pesquisadora demonstrou que é possível aumentar a capacidade de suporte de gado por hectare e liberar milhões de hectares para agricultura, tudo isso sem precisar derrubar uma única árvore. “Temos dados, tecnologia e soluções prontamente disponíveis”, afirmou.


COP 30, segurança alimentar e o papel da ciência brasileira

Autora e organizadora do livro “Segurança Alimentar e Nutricional: o papel da ciência brasileira no combate à fome”, disponível gratuitamente no site da Academia Brasileira de Ciências, Mariangela defende uma atuação conjunta entre setor público, privado e terceiro setor para resolver o problema da fome.

Ela também reforçou a importância da COP 30, que será realizada em Belém (PA), como vitrine para mostrar ao mundo a capacidade científica e sustentável da agricultura tropical brasileira. “Vamos mostrar soluções reais, como o plantio direto, os bioinsumos e tecnologias sustentáveis da Embrapa”, declarou.

Ao final, deixou uma mensagem: “A ciência precisa ser compreendida pela sociedade. Só com o apoio da população e de investimentos públicos continuaremos avançando”.



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