Produtores enfrentam dificuldade para vender laranjas na Sealba
O setor de citrus na região da Sealba — que abrange partes de, Sergipe, Alagoas e Bahia — enfrenta uma crise no escoamento da produção de laranja. Produtores rurais relatam perdas significativas e preocupações com o futuro da safra, já que muitas frutas estão amadurecendo nos pomares sem destino comercial viável.
Luan Roger, citricultor da agricultura familiar de Rio Real (BA), maior município produtor de laranja do Nordeste, descreve a situação como crítica.
“A floração está vindo, mas a fruta madura ainda está no pé. Como segurar isso tudo se o que já está pronto sequer foi colhido?”, lamenta o produtor.
Segundo ele, mesmo com padrão comercial, a produção não encontra compradores.
“Já tentei vender para atravessadores e indústrias, mas dizem que está tudo cheio, sem espaço para escoar.”, afirma o citricultor.
A situação atual contrasta com o cenário observado em novembro de 2024, quando a equipe do Canal Rural Bahia esteve em Rio Real. Na época, a valorização da laranja por tonelada impulsionava os investimentos no setor.
Hoje, no entanto, há registros de filas de caminhões em frente às indústrias de suco em Estância (SE) e relatos de descarte de frutas que não atendem mais aos padrões exigidos, devido aos problemas comerciais.
Reginaldo Corsino, também produtor da região, afirma que o preço atual pago pela indústria — cerca de R$ 270 por tonelada — não cobre os custos.


“Hoje nós estamos com a demanda de laranja na planta, porque não temos preço. O preço de laranja de indústria, é R$ 270,00 por tonelada, então não compensa, eu acho melhor, por enquanto, aguardar um pouco pra ver se as indústrias melhoram o preço. Laranja de mesa está em torno de R$ 500,00 a tonelada, eu acho que não compensa devido o investimento que fizemos. Para produzir laranja de mesa, nós gastamos R$ 350 a R$ 400 por tonelada. Por conta do preço, a planta está sofrendo, devido a carga”, relata.
O gerente de produção de outra propriedade localizada em Rio Real (BA), Marciel Germano também mostra preocupação: “Colhemos até agora cerca de 10 mil toneladas, mas ainda há de 15 a 20 mil toneladas nos pomares. Estamos colhendo num ritmo muito abaixo do necessário”, afirma.
Medidas em discussão
Em resposta à reportagem, a Secretaria de Agricultura de Sergipe informou que está em diálogo com o setor industrial e com os produtores.
Uma reunião com a Secretaria de Agricultura da Bahia deve ocorrer nos próximos dias. Entre as propostas, está a criação de um “Censo da Citricultura”, para coletar informações que possam ajudar a planejar melhor a colheita e o escoamento da produção. A data do encontro ainda não foi definida.
Durante reunião com a pasta sergipana na última sexta-feira (1º), o representante da Tropfruit Nordeste, Diorane Morais Araújo, afirmou que a indústria continua operando.
“Estamos num período de colheita da laranja e movimentamos de 110 a 120 caminhões por dia. Não paramos. Trabalhamos de domingo a domingo, recebendo laranja de produtores da Bahia e de Sergipe. Processamos cerca de 2 mil toneladas de laranja por dia”, declarou.
Além disso, o Canal Rural tentou contato com outras indústrias e entidades do setor para comentar sobre os preços e dificuldades relatadas pelos produtores, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
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